Declaração escrita apresentada em reunião de câmara pelo vereador socialista Carlos Silva
A Feira de Santa Iria, que integra a Feira das Passas, foi criada por Carta Real de Filipe III de 3 de Outubro de 1626, ou seja, é uma das mais antigas feiras do país, e foi até há alguns anos, a mais importante da região. Hoje, infelizmente, é uma feira igual a muitas outras, perdendo para algumas dessas por se ter de alguma forma tornado banal, por nela não se ter investido, por não se ter sabido aproveitar o seu potencial turístico, por não se ter sabido modernizá-la ao mesmo tempo que mantendo as suas raízes tradicionais, e porque em tudo isso faltou visão, e muitas vezes, medidas avulsas e desprovidas de planeamento foram sendo “experimentadas” de forma muito superficial, debilitando-a cada vez mais.
Se ela já poucos forasteiros consegue trazer a Tomar, também dos tomarenses se sente uma cada vez maior indiferença em relação à sua feira tradicional. A feira de Santa Iria é aliás, mais um exemplo do estado caduco e de pouca auto estima que concelho cada vez mais transpira, sendo também ela uma sombra do que já foi.
Nesta solução que agora se apresenta, alguns factos há a apontar. Em primeiro, o desrespeito por este órgão, uma vez que o anúncio da alteração do local foi feito em conferência de imprensa muito antes da sua discussão aqui em reunião de Câmara, o que parece indiciar, alguma já habitual ânsia de protagonismo por parte do vereador que tutela o evento.
Sobre o mesmo, muitas dúvidas se levantam sobre que legitimidade tem a Comissão da Feira, para fazer essa alteração de local, sem a mesma ser aprovada previamente nesta Câmara.
Sobre a questão dos locais, dois aspectos há muito defendidos pelo PS se tornam evidentes: a necessidade urgente da construção de um parque de feiras, além da igualmente fundamental solução moderna e conveniente para a Várzea Grande, espaço nobre e de possibilidades diversas, cada vez mais reduzido a simples parque de estacionamento.
Todavia, esta solução de local agora apresentada, parece ser pouco coerente com alguns argumentos utilizados para defender outras ideias do PSD na Câmara Municipal, como no caso do centro comercial que destruiria o mercado ou na ponte agora em construção, em que se diz querer privilegiar o centro histórico. Se assim é, porque se afasta parte substancial da feira do centro da cidade?
Até que ponto a separação das feiras, agora a bem mais de um quilómetro, é benéfica? Sê-lo-á? Ou, além do que já tem sido, será mais uma dura machadada na sustentabilidade e possibilidade de futuro desta que como se disse já, foi a maior feira da região e hoje é apenas mais uma e nem sequer das melhores?
Em todo o caso, não só porque este é assunto que aparece consumado a esta reunião, mas porque sobre esta matéria, devem ser os tomarenses em última instância a mostrar o seu acordo ou desacordo, o PS entende que é seu dever neste particular, a abstenção de posição sobre o assunto.
Tomar, a 15 de Julho de 2008, Vereador, Carlos Silva