terça-feira, julho 10, 2012

Centro Hospitalar do Médio Tejo corre risco de paralisar

António Serrano disse à agência Lusa que o que deixou os deputados "mais intranquilos" foi o "dramático risco de paralisação" com que o Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) se pode vir a confrontar a partir do final do mês devido à Lei dos Compromissos. "O PS propôs uma alteração a essa lei no parlamento, mas a maioria PSD/CDS-PP rejeitou e hoje tivemos a confirmação de que essa é a situação mais crítica que se coloca, neste e em todos os hospitais que estão em dificuldades", disse.

No âmbito do debate sobre o Estado da Nação, os deputados socialistas eleitos pelo círculo eleitoral de Santarém reuniram-se hoje com a Comissão de Saúde da Assembleia Municipal de Tomar, com a Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo e com o Conselho de Administração do CHMT. Frisando que o PS concorda com a reorganização em curso no CHMT, António Serrano realçou o facto de o processo estar a decorrer "como previsto" e com a preocupação de alcançar "consensos".

Para o deputado, a petição que vai subir a plenário da Assembleia da República, pedindo a suspensão do processo, neste momento já não faz sentido, pelo que a batalha deve ser pela introdução de melhorias, nomeadamente ao nível da Medicina Interna, como reivindica a população de Tomar.

Contudo, essas melhorias e todo o processo podem ser postos em causa pelo "estrangulamento financeiro" com que o CHMT se está a confrontar, disse. Em concreto referiu que, apesar de ter reduzido os custos, o CHMT, com um passivo de 150 milhões de euros, enfrenta problemas ao nível da receita, pois ainda não assinou o contrato-programa para este ano e a Lei dos Compromissos ameaça paralisar por completo a sua atividade.

António Serrano lamentou ainda a ausência de articulação entre os cuidados hospitalares e os primários, o que agrava as condições de acesso à saúde numa região que se vê confrontada com as questões dos transportes para aceder aos serviços espalhados pelas três unidades que integram o CHMT (Torres Novas, Tomar e Abrantes), agravadas com a introdução de portagens na A23.

A jornada de hoje em Tomar permitiu igualmente confirmar o que já mostravam os números relativos ao interior do país, de uma quebra no número de consultas e de atendimentos superior à média nacional, o que, disse, revela "as dificuldades das famílias" em pagar o acesso à saúde.