SITUAÇÃO DO HOSPITAL DE TOMAR

Foi neste dia publicado o relatório da CRRNEU (Comissão de Reavaliação da Rede Nacional de Emergência e Urgência), cuja nomeação foi feita por Despacho (n.º 13377/2011 de 23 de setembro) que tinha como objectivo: ”A nomeação e o trabalho da CRRNEU inscrevem-se na crescente preocupação com a construção em rede de uma resposta articulada para o doente em situação urgente ou emergente. Esta preocupação responde à justificada expectativa do cidadão em ter garantido o acesso a cuidados urgentes”. Esta é, aliás, a quarta comissão/grupo nomeado pelo Estado português nesta matéria.
Esta situação merece-nos os seguintes comentários:
1.
O encerramento da urgência da unidade hospitalar
de Tomar é-nos apresentado como uma imposição da troika, quando
verdadeiramente o que está em causa é o cumprimento de um programa ideológico e
não uma necessidade inevitável.
2.
Em todo o processo de reestruturação do Centro
Hospitalar do Médio Tejo, houve um denominador comum: o não envolvimento dos
autarcas e das populações envolvidas. Também neste processo continua a existir
o mesmo denominador: o não envolvimento de ninguém. Aliás esta é a estratégia
deste governo, que estudo atrás de estudo, vem tirando recursos e serviços do
interior, nunca se comprometendo com os mesmos, mas no fundo preparando as
populações para os encerramentos.
3.
Existe claramente uma ideia por trás destas
medidas: enfraquecer, esvaziar até ao limite um dos hospitais, até se tornar evidente
o seu fecho e consequente privatização para a mesma ou outra finalidade. E pelo
caminho que leva, a decisão do Governo parece ser clara: um dos hospitais a
abater é o de Tomar. Mas se a opção é essa, que o assumam e expliquem à população
o que ganha ela com isso.
4.
Aliás, o Governo assumiu já em resposta aos
deputados do Partido Socialista que considera que a principal porta de entrada
na admissão de doentes para a Medicina Interna são as urgências. Numa fase em
que se discute a hipótese da Medicina Interna poder voltar a Tomar, este fato
encerra qualquer possibilidade
5.
Mais consideramos, que uma real articulação
entre os cuidados de saúde primários, vulgo Centros de Saúde, os cuidados
hospitalares e os cuidados continuados, deveria ser o ponto de partida para uma
reestruturação real e efectiva, com estudos de impacto na saúde e respectivas
optimizações económicas e financeiras.
6.
Entendemos ainda, que tal como nas questões
relacionadas com a reestruturação, todas as alterações a propor devem ser acompanhadas
pelos estudos que comprovem a manutenção/melhoria dos serviços de saúde às
populações, levando em linha de conta nas respectivas avaliações o acréscimo de
gasto e risco pelas deslocações constantes entre as unidades que distam entre
30 a 40 Km, numa rede viária portajada e sem transportes públicos
Assim sendo os
autarcas do PS propõem:
1. Que o
executivo denuncie publicamente a falta de respeito institucional e das
populações por parte da tutela, que se tem recusado reunir com os autarcas de
Tomar, quando tem em cima da mesa um documento que visa em ultima instância o
encerramento do hospital de Tomar;
2. Exigir à
Comissão de Reavaliação da Rede Nacional de Emergência e Urgência que esclareça os critérios que levarão ao encerramento das Urgências no Hospital de Tomar;
3. Repudiar
veementemente esta proposta que leva ao encerramento da Urgência do Hospital de
Tomar.
(Esta proposta será discutida na continuação da reunião de Câmara de hoje, que se realiza no dia 30 de Julho de 2012)